segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

São Paulo: Terra da garoa e do dinheiro

Edemir Pinto, presidente da BM&FBovespa, explica por que São Paulo virou o principal centro financeiro da América Latina.
Nada mais comum na rotina do economista Edemir Pinto, 57 anos, do que andar pelo centro de São Paulo. Nem a garoa, típica da cidade, pode atrapalhar esse prazer. Afinal, há 25 anos ele trabalha nessa região, sendo que nos últimos três anos, desde a fusão da BM&F com a Bovespa, em 2008, como presidente da BM&FBovespa, a terceira maior bolsa de valores do mundo em valor de mercado. "Houve melhorias no centro da cidade que atraíram faculdades, empresas de telemarketing e outros negócios", diz Pinto. Em 2012, quando completa 458 anos, a cidade reforça sua vocação como centro financeiro regional.

"São Paulo é hoje um centro com grandes profissionais do mercado financeiro e de capitais, além de contar com investidores institucionais, excelentes advogados e tudo o que é necessário para fechar negócios na área de intermediação financeira." Com tudo isso, em sua visão, não há melhor lugar para fechar negócios na América Latina do que São Paulo. O desempenho da bolsa nos últimos anos evidencia isso muito bem, de acordo com Pinto. Em 2011, a BM&FBovespa teve o melhor resultado de sua história, chegando a 141,2 milhões de transações, um crescimento de mais de 30% em relação ao ano anterior, que tinha ultrapassado, pela primeira vez, o patamar de 100 milhões de transações.

O valor médio diário dos negócios atingiu R$ 6,4 bilhões, outro recorde. Mesmo com as dificuldades da economia global, a BM&FBovespa espera a retomada dos processos de abertura de capital a partir deste ano. "O potencial é muito grande", diz Pinto. "Existem entre 40 e 45 empresas represadas com seus planos de oferta pública inicial de ações." Contam muito para isso as injeções de otimismo que a cidade recebeu nos últimos anos com as melhorias introduzidas no centro urbano da cidade para atrair novos investidores. A Lei da Cidade Limpa, que retirou outdoors e disciplinou o uso de placas nas fachadas de edifícios e prédios comerciais, segundo Pinto, teve o grande mérito de reduzir abusos na propaganda ao ar livre.

"Sem dúvida, foi um grande avanço", diz o executivo. Com isso ele, que é um contumaz frequentador do centro, afirma que ficou melhor andar pela cidade. Seus lugares preferidos da região central? Há vários. Um deles é a própria BM&FBovespa, que se tornou uma atração e recebe cerca de 500 visitantes por dia. "Recomendo também o Centro Cultural Banco do Brasil, o Mosteiro de São Bento e o Pateo do Collegio, onde a cidade começou." Bom gourmet, como uma boa parcela da população de São Paulo, ele indica os restaurantes próximos ao local onde trabalha no centro da cidade.

Em sua lista de preferidos estão a Cervejaria São Jorge, na praça Antônio Prado, o Café Girondino, no largo São Bento, e o Restaurante Lia Jockey, na rua Boa Vista. Mas não é apenas na venda e compra de ações que São Paulo se destaca como um grande centro financeiro, comparável a Londres, Nova York ou Hong Kong pelo seu dinamismo e efervescência. Há muito dinheiro também nos fundos de privaty equity. Em 2011, esses fundos captaram US$ 12 bilhões. Neste ano, a previsão é de US$ 20 bilhões. Essa tendência criou uma nova avenida para o dinheiro de São Paulo: a região da Faria Lima.

É lá que se instalaram as principais instituições financeiras dessa área, como o BTG Pactual e o Carlyle, entre tantos outros. "Temos uma regulação no setor financeiro que é exemplo para o mundo", afirma Pinto. "Isso tem atraído cada vez mais investimentos para o País." Apesar do muito que já foi feito para chamar a atenção dos investidores, São Paulo deve incorporar outros atrativos para empresários nacionais e internacionais, de acordo com Pinto. Afinal, a cidade tem um grande mercado consumidor, um dos maiores do mundo. "Apenas a classe média de São Paulo, por exemplo, é maior do que muitos países da Europa", diz.

Para o presidente da BM&FBovespa, essa característica assinala duas vocações da cidade de São Paulo: para a área de serviços e para a intermediação financeira. Por esse motivo, há ainda muito a ser feito para melhorar, principalmente no centro de São Paulo, em sua visão. Sobre o aspecto urbanístico, por exemplo, alguns especialistas defendem maior liberdade na legislação de obras, para permitir reformas nos prédios mais antigos e trazer não só empresas, mas também mais moradores. "É necessário criar um ambiente regulatório capaz de atrair as grandes incorporadoras", afirma o executivo. "Todo centro revitalizado deve ter suas torres ou complexos comerciais para ter vida dia e noite. Isso daria mais vitalidade, a exemplo do que ocorreu nas regiões centrais de outras cidades do mundo."

A melhora do ambiente de negócios exige também maiores investimentos em infraestrututra, transporte público e aeroportos. Do lado privado, acredita Pinto, o Brasil precisa com urgência – "e São Paulo não é diferente" – de maior infraestrutura hoteleira para a realização de eventos de grande porte. Mas as perspectivas são altamente positivas, segundo o presidente da BM&FBovespa. "São Paulo tem um povo trabalhador, que sempre acolheu bem os imigrantes. É uma cidade formada por vários povos", diz o executivo. "Temos vocação para crescer e continuar sendo um polo de atração de investimentos."

Genilson CEZAR                           
Revista ISTOÉ Dinheiro - 16/01/2012

domingo, 8 de janeiro de 2012

Saiba o que pode queimar seu filme na hora de conseguir um emprego

Falar mal da empresa anterior é o que mais prejudica imagem de profissional em novo emprego

Pesquisa realizada pelo Nube aponta que a resposta foi indicada por 37,13% dos profissionais entrevistados


Criticar empresas onde já trabalhou é a atitude que mais pode prejudicar a imagem do profissional no meio corporativo. Ao menos é o que aponta um levantamento realizado pelo Nube (Núcleo Brasilero de Estágios).
A resposta foi indicada por 37,13% dos entrevistados, sendo a maioria dos respondentes estagiários.
Em segundo lugar, está falar mal do colega de trabalho, cujas menções atingiram 25,79%. Em seguida, aparecem revelar segredos para concorrentes, com 19,62%, vestir-se de maneira inadequada (15,24%) e comentar o salário dos outros (2,23%).

Dificuldades do profissional
Para a gerente de Treinamento do Nube, Carmen Alonso, os fatos mais indicados pelos entrevistados - falar mal da empresa e do colega -revelam a dificuldade comum que os profissionais têm em determinadas situações. Segundo ela, os brasileiros têm a tendência de responsabilizar os outros pelo seu processo de desenvolvimento.
Como exemplo, ela cita que os profissionais culpam as empresas em que trabalharam anteriormente por não dar oportunidade de crescimento. Estas pessoas não se questionam o que deixaram de fazer para conseguir uma promoção ou trabalhar em novos projetos.
“Quem é culpado? A empresa ou o profissional que não fez nada para melhorar? Infelizmente, a maioria só consegue ver que o erro é da empresa”, diz
Sobre falar mal do colega, ela explica que isso ocorre porque os profissionais não conseguem resolver situações diretamente com quem está incomodando. Ela acrescenta que isso é comum até mesmo com pessoas que são extrovertidas, que, apesar de serem comunicativas e falantes, apresentam dificuldades para resolver conflitos.

Segredos para concorrentes
Sobre contar os segredos corporativos, a especialista explica que isso deixa de ser apenas falta de ética para se tornar “desvio de caráter”.
“Informação é ativo da empresa. Isso deve ser respeitado. Em algumas empresas não se pode nem deixar documentos em cima da mesa. Por isso, é preciso ter o dobro de cuidado. Lembre-se de que, se você contar para um amigo mais próximo, ele também também pode contar para um amigo mais próximo”.

Roupa e salário
Em relação a ter imagem prejudicada pela vestimenta, Carmen comenta que isso é comum principalmente entre os jovens que não têm experiência no ambiente de trabalho. Mas não é somente às roupas que se vai trabalhar que é necessário ter atenção.
Os profissionais devem cuidar também do tipo de vestimenta que aparece nas redes sociais. Segundo ela, de nada adianta trabalhar de roupa social, durante toda a semana, e colocar uma foto de lingerie ou biquíni no Facebook. “A imagem é prejudicada do mesmo jeito”.
Por fim, sobre os comentários de salário dos colegas, ela explica que não deveria acontecer de jeito nenhum, mas em quase todas as empresas este tipo de informação sempre acaba chegando aos ouvidos dos profissionais.